Arrepios do ofício

Hoje veio à Livro Falante Evanildo Fernando Santos de Almeida, biógrafo de José Mauro de Vasconcelos. Eu nunca tinha conhecido tão de perto um biógrafo e também não tinha ideia maior de quem foi José Mauro. Sabia, é claro, do O Meu Pé de Laranja Lima, mas não lembrava que foi José Mauro que me fez chorar tanto com O Veleiro de Cristal, que tanta confusão causou entre minhas amigas com seu Frei Abóbora. Eu não sabia que aquele menino Zezé, tão cheio de fantasia, de meninice mesmo, um dia foi dado, e foi isso que tanto me fez chorar lendo Vamos Aquecer o Sol e que essa é a própria vida do autor.
“Alguns personagens procuram por um autor” (era isso, Menotti?). Evanildo me ensinou isso. Mas acho que preciso dizer para ele o quanto tanto autores quanto personagens precisam de biógrafos. Sim, biógrafos de arrepiar, como ele, que andam pelo mundo tirando da mochila seus maiores tesouros, as fotos, os cartazes, as histórias, as incertezas, as graças pesquisadas e até as não achadas, a vida do autor.
Evanildo contou que José Mauro foi, além de escritor, ator, diretor de cinema, modelo (tinha um físico maravilhoso), desenhista, menino rejeitado, homem rejeitador.
Evanildo está terminando de escrever a biografia de José Mauro. Começa com cheiro de goiaba, vai ter uma oração em que José Mauro faz o seu desejo para o fim da vida, para a velhice. Muito me arrepiou. Ah, se todos pudessem ter biógrafos assim!!!

                                          Eu (Sandra) com o Evanildo e a Naélia, da Livro Falante.
                                          A ilustração dessa versão em capa do dura do
                                         O Meu Pé de Laranja Lima é do José Mauro.